Desvendando a Terapia do PAC: O Tratamento é "na Cabine" ou "Fora da Cabine"?
- Alessandra Santos

- 8 de dez.
- 2 min de leitura

Se você já pesquisou sobre o Transtorno do Processamento Auditivo Central (PAC), pode ter ouvido termos como "terapia formal (em cabine)" ou "terapia informal (fora da cabine)".
Precisamos ser bem diretos: estes termos não são utilizados pela Fonoaudiologia especializada para descrever o tratamento do PAC.
O tratamento do PAC, corretamente chamado de Treinamento Auditivo (TA), não é definido pelo lugar onde ocorre, mas sim pela estratégia utilizada.
O Foco não é o lugar, é o cérebro
A terapia para o PAC (ou Treinamento Auditivo) é um processo altamente individualizado e jamais será padronizado pela localização física. Quem determina o melhor caminho é a Fonoaudióloga responsável pelo tratamento, com base em três pilares essenciais:
Interpretação do exame (PAC): Identificar exatamente quais habilidades auditivas estão alteradas (ex: discriminação, localização, escuta dicótica).
Queixas funcionais: Associar os resultados do exame com as dificuldades reais da criança na escola e no dia a dia.
Vínculo e perfil do paciente: O tipo de atividade e a duração das sessões devem ser adequados à idade e à capacidade de atenção da criança.
Portanto, o fonoaudiólogo decide as estratégias, o tempo e os recursos a serem usados.
O Mito do audiômetro na Cabine
Antigamente, quando o PAC começou a ser investigado, o uso do audiômetro dentro da cabine acústica era a ferramenta principal para o Treinamento Auditivo.
O objetivo era trabalhar habilidades como a escuta dicótica (separação de canais), onde sons diferentes são enviados simultaneamente para cada ouvido. Para garantir que o som chegasse com a pureza e isolamento necessários, usava-se o ambiente isolado (a cabine) e o equipamento mais preciso (o audiômetro).
A realidade atual é diferente:
Hoje, a Fonoaudiologia dispõe de uma vasta gama de softwares, aplicativos e fones de ouvido de alta qualidade que conseguem realizar a separação dos canais e modular os estímulos sonoros com a precisão necessária para o Treinamento Auditivo.
A eficácia do tratamento não está na cabine, mas sim na inteligência do protocolo e na capacidade do Fonoaudiólogo de ajustar os estímulos às necessidades funcionais da criança.
O tratamento é evidência científica
A escolha da estratégia de tratamento – seja usando recursos em computador, atividades na mesa ou exercícios de integração sensorial auditiva – é sempre pautada por evidências científicas e pelo raciocínio clínico do Fonoaudiólogo.
Referências
ASHA (American Speech-Language-Hearing Association): Central Auditory Processing Disorders [Technical Report]. (Diretrizes sobre avaliação e manejo do PAC).
Chermak, G. D., & Musiek, F. E. (2014). Handbook of Central Auditory Processing Disorder: Auditory Neuroscience and Clinical Management. (Referência clássica que aborda a neurociência e a gestão clínica do PAC).
Pereira, L. D., & Schochat, E. (2011). Processamento Auditivo Central: Manual de Avaliação. (Material fundamental brasileiro para avaliação e manejo).
Bevilacqua, M. C., & Costa, A. O. (2007). Como Ajudar a Criança que Não Ouve Bem. (Aborda o Treinamento Auditivo e a reabilitação).
Alessandra Santos Fonoaudióloga
CRFa 3-11455-5




