Qual a idade certa para aquisição dos sons na fala?
- Alessandra Santos

- 22 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de dez.

Muitas vezes, a fala das crianças é cheia de charme e trocas divertidas. O "sapato" vira "tchato", o "coelho" vira "toelho", e por aí vai. É uma fase!
Mas o que preocupa muitos pais é saber: existe um prazo para que a fala fique "certa"?
Essa é, sem dúvida, uma das perguntas que mais ouço no consultório, e o que causa a maior ansiedade nas famílias!
É normal fazer trocas na fala? As grandes dúvidas dos pais
É fundamental entender que a fala é um processo de amadurecimento neurológico e motor. Assim como a criança só começa a andar quando os músculos estão prontos, ela só começa a falar o som /r/ (o "R" fraco de caracol ou aranha) quando o cérebro e a musculatura da língua estão maduros o suficiente.
Por isso, muitas das perguntas que você recebe (e que são ótimas!) merecem respostas claras:
"É normal as trocas que meu filho faz?" Depende da idade! O que é super normal aos 2 anos (como não falar o "R" fraco) pode se tornar um sinal de alerta aos 4 ou 5 anos.
"Devo procurar ajuda cedo?" SIM! A ideia de que "é melhor esperar até os 5 anos" é um mito. Quanto antes identificarmos se a dificuldade está fora do prazo de desenvolvimento, mais rápida e eficaz será a intervenção.
"O que acontece se eu esperar?" A fala está diretamente ligada à alfabetização. A criança que tem dificuldade em organizar os sons na fala pode ter dificuldade em organizar as letras na escrita!
O "Cronograma" dos Sons: Cada som tem seu tempo ⏳
Conforme seu filho cresce, o cérebro dele está organizando um verdadeiro "manual de regras" da fala. Ele aprende que o som /p/ é fácil (é só juntar os lábios), mas o som /rr/ (o "R" forte de carro) exige um movimento da língua bem mais complexo.
O desenvolvimento segue uma sequência: dos sons mais simples e visíveis (como /p/, /b/, /m/) para os mais complexos (como o "R" forte, o "Lh" e os encontros consonantais, tipo prato ou três).
Se o seu filho já passou da idade esperada para adquirir um determinado som, e ele continua trocando ou omitindo, é hora de investigar. É nesse ponto que a dificuldade deixa de ser uma "troca esperada" e pode se tornar uma alteração de linguagem.
Trocas na Fala: O problema é no "Manual" ou no "Músculo"?
Quando a criança persiste em fazer trocas que já não são mais típicas para a idade, a Fonoaudiologia investiga onde está a falha:
1. Transtorno Fonológico (O erro de regra no cérebro) 🧠
Imagine assim: Seu filho sabe falar o som, mas ele tem uma regra errada no "Manual de Regras" do cérebro.
O que acontece: A criança não entendeu a função do som na língua. Ela pode usar o mesmo som para representar vários outros. Por exemplo: ela pode usar o som /t/ para falar teto, casa e queijo. Ela sabe mover a boca, mas a organização cerebral dos sons está confusa.
2. Transtorno Fonético (O erro de movimento na boca) 👄
Imagine assim: O manual está correto, mas a "ferramenta" (a língua ou lábios) não está forte ou coordenada o suficiente para fazer o movimento.
O que acontece: Há uma alteração na estrutura fonoarticulatória. Um exemplo comum é a língua hipotônica (flácida), que dificulta a elevação da ponta da língua para fazer o /r/ ou o /l/. Nesses casos, a terapia fonoaudiológica precisa focar em exercícios para melhorar o tônus e a força muscular.
Quando a causa é diagnosticada corretamente, a intervenção é direcionada e os resultados são muito satisfatórios. A criança consegue, finalmente, emitir o som de forma correta e clara!
A Regra de Ouro dos Pais: Fale sempre Certo! 👑
Para ajudar seu filho nesse processo de aquisição da fala, existe uma regra de ouro: nunca imite a fala incorreta dele.
Ao imitar a troca, você reforça para o cérebro dele que aquele é o modelo correto. Se ele disser "toelho", você não deve rir ou repetir "Que lindo seu toelho!". Você deve sempre retornar com o modelo correto, sem corrigi-lo diretamente:
Se a criança falar: "Olha, o toelho!"
Você responde: "Ah, sim! O COELHO é muito fofo!"
Você valida o que ele disse, mas oferece o modelo auditivo correto.
Se as trocas persistem e seu filho já passou da idade esperada para aquele fonema, procure um Fonoaudiólogo para uma avaliação. O desenvolvimento adequado da fala é essencial para que a criança tenha sucesso na alfabetização e se comunique com confiança!
Agende uma avaliação e vamos garantir que o desenvolvimento da fala do seu filho esteja no caminho certo!
Referências:
TANIGUTE, C. C. Desenvolvimento das Funções Estomatognáticas. In: Fundamentos em Fonoaudiologia. Ed. Guanabara Koogan S.A, Rio de Janeiro, RJ. 2005. 2º ed.
Alessandra Santos Fonoaudióloga Infantil
CRFa 3-11455-5 Atendimento presencial em Curitiba-PR e On-line




